Papa Francisco e presépios criticam injustiças contra imigrantes e refugiados

Reportagem do MigraMundo

Além da já tradicional abordagem do tema pelo Papa Francisco na Igreja Católica, os presépios também foram usados neste Natal como meio de expressar solidariedade aos imigrantes e refugiados

Seja por levar a reflexões, seja por ser um momento fértil de ações humanitárias ou de caridade, o Natal também serviu de ponto de partida para igrejas cristãs falarem de migrações e pedirem uma visão mais humana sobre o fenômeno e seus protagonistas.

Além da já tradicional abordagem do tema pelo Papa Francisco na Igreja Católica, os presépios também foram usados neste Natal como meio de expressar solidariedade aos imigrantes e refugiados e criticar as ações que precipitam deslocamentos mundo afora.

Mensagem do Papa

Mais uma vez o Papa Francisco citou os imigrantes em sua reflexão anual de Natal, a Urbe et Orbi (“À cidade e ao Mundo, em tradução livre do latim”).

O Sumo Pontífice criticou as diferentes formas de injustiça mundo afora que forçam milhões de pessoas a se deslocarem – inclusive crianças –  em busca de melhores condições de vida.

“Que o Filho de Deus, descido do Céu à terra, seja defesa e amparo para todos aqueles que, por causa destas e outras injustiças, devem emigrar na esperança duma vida segura. É a injustiça que os obriga a atravessar desertos e mares, transformados em cemitérios; é a injustiça que os obriga a suportar abusos indescritíveis, escravidões de todo o gênero e torturas em campos de detenção desumanos; é a injustiça que os repele de lugares onde poderiam ter a esperança duma vida digna e lhes faz encontrar muros de indiferença”.

Na mesma mensagem, Francisco também pediu paz ao mundo, com menção especial a alguns dos principais focos de tensão social, política e militar atualmente – e também de deslocamentos forçados: Palestina, Líbano, Iraque, Venezuela, Ucrânia e República Democrática do Congo.

Recados por meio de presépios

Criados no século XIII por São Francisco de Assis para representar a Sagrada Família, os presépios vem ganhando leituras contemporâneas que visam aproximar a mensagem bíblica dos temas atuais. E com as migrações não tem sido diferente.

Neste tempo de Natal o exemplo mais conhecido – e viralizado – vem de Claremont, cidade próxima a Los Angeles (EUA). Em uma proposta ousada, o presépio da Igreja Metodista local mostra Jesus, Maria e José separados por jaulas.

A representação é uma crítica direta à política migratória do presidente Donald Trump, que chegou a promover a separação em centros de detenção de famílias detidas na fronteira do país com o México.

O caso dos EUA não é isolado. Na Itália, outro país onde a pauta migratória divide opiniões, a paróquia de Pratofontana, em Reggio Emilia, montou um presépio com os coletes de imigrantes que tentam chegar à ilha de Lampedusa por meio da travessia pelo Mar Mediterrâneo.

De acordo com o jornal “Gazzetta di Reggio” e a agência Ansa, os coletes chegaram á cidade por ajuda de uma moradora e a paróquia pediu que os transformassem em um presépio diferente, instalado dentro da igreja.

Dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações) apontam que 3.170 pessoas já morreram em rotas migratórias neste ano de 2019 – delas, mais de um terço (1.246) foram no mar Mediterrâneo, a mais mortífera das travessias.

Na região de Braga, em Portugal, o já tradicional Presépio Vivo de Priscos – o maior da Europa – deste Natal foi inaugurado no último dia 15 de dezembro com uma família de refugiados sírios representando Jesus, Maria e José.

Fonte: migramundo.com

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